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Bases de dados sobre gripe aviaria

26 agosto, 2006

Criada uma entidade global para compartilhar dados genéticos de casos da gripe aviária, algo considerado essencial para localizar mutações e desenvolver uma vacina contra a eventual pandemia.

Em carta à revista Nature, 70 cientistas (sendo seis ganhadores do Nobel) e autoridades sanitárias disseram que a atual forma de recolher e compartilhar dados sobre o vírus H5N1 é "inadequada, devido à magnitude da ameaça".

A Organização Mundial da Saúde (OMS) não está diretamente envolvida na iniciativa, mas um porta-voz disse que a entidade "apóia absolutamente (...) seu espírito de abertura".

Um dos signatários da carta de lançamento da Iniciativa Global para o Compartilhamento de Dados sobre a Gripe Aviária (GISAID - Global Initiative on Sharing Avian Influenza Data) é Hualan Chen, responsável pelo laboratório de referência para a doença na China.

Na sua edição de quinta-feira, o The New York Times disse que China, Tailândia e Vietnã, três países muito atingidos pelo vírus, não estavam compartilhando dados genéticos, enquanto a Indonésia só recentemente havia começado.

Em nota, a Nature (www.nature.com/nature) acusou alguns cientistas e organizações de "acumularem" dados genéticos do vírus, às vezes durante anos, só para serem os primeiros a publicá-los.

"Propomos expandir e complementar os atuais esforços com a criação de um consórcio global que iria incentivar o compartilhamento internacional de (vírus) isolados da gripe aviária e dados", disse a carta dos cientistas e autoridades.

Peter Bogner, escolhido diretor da Gisaid, disse que seu estatuto ainda está sendo redigido, mas que vai proteger os interesses de quem fornecer os dados. "Parte do espírito desta iniciativa é proteger contra a exploração. Alguns países relutam porque foram explorados no passado", disse Bogner à Reuters, por telefone, em Los Angeles.

"Queremos garantir que haja pelo menos diretrizes. Se uma grande indústria quer uma patente, tem de se sentar e conversar", afirmou.

A gripe aviária continua sendo essencialmente uma doença animal, embora desde 2003 já tenha contaminado 241 pessoas em dez países (principalmente da Ásia), das quais 141 morreram, segundo a OMS.

Os cientistas temem que o H5N1 sofra uma mutação que lhe permita o contágio direto entre humanos, o que poderia gerar uma pandemia com milhões de mortos.

Atualmente, os países enviam amostras de casos suspeitos a laboratórios reconhecidos pela OMS, mas precisam autorizar que a agência da ONU divulgue os dados genéticos.

A OMS renovou seu apelo para que todas as informações sobre sequenciamento genético sejam de domínio público.

Os dados genéticos são importantes para o desenvolvimento de uma vacina, para o preparo de reagentes usados no diagnóstico e para monitorar cepas resistentes a drogas, segundo nota da OMS.

Fontes:
GISAID - Global Initiative on Sharing Avian Influenza Data
Terra Notícias

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