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Diagnostico para cisticercose

20 fevereiro, 2007

O parasita Taenia solium, que causa a teníase e a cisticercose, tem dois genótipos diferentes: um asiático e outro afro-americano. Até agora, não se sabia se determinado antígeno poderia servir para identificar a presença das duas formas do verme, o que dificultava os estudos para o aprimoramento de diagnósticos.

Mas um estudo feito por um grupo de pesquisadores na Faculdade de Medicina de Asahikawa, no Japão, concluiu que os mesmos antígenos podem ser usados em todos os continentes, abrindo caminho para o desenvolvimento de técnicas que possibilitem testes com resultados instantâneos e eficazes. As duas doenças atingem anualmente 50 milhões de pessoas em todo o mundo, causando 50 mil mortes.

O estudo foi publicado em novembro no Journal of Infectious Diseases, tendo como primeiro autor o brasileiro Marcello Otake Sato, que estuda o tema há seis anos. Sato é professor do laboratório de parasitologia da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da Unversidade Federal do Tocantins (UFT) e trabalha há dois anos no centro de pesquisa japonês.

De acordo com Sato, as limitações dos métodos atuais de diagnósticos das doenças o motivaram a aprimorar as metodologias existentes. O avanço das pesquisas feitas na UFT o colocou em contato com os japoneses, que também estudavam o tema.

O pesquisador destaca que as doenças têm abrangência global, embora estejam mais presentes em locais com más condições sanitárias e educacionais. “Há dois cenários. Um é o dos países pobres, que constituem a zona endêmica das doenças e estão concentrados na América Latina, África e Ásia. O outro se relaciona a regiões em que a presença da doença decorre da mobilidade da população, como Europa, Estados Unidos e Japão”, disse à Agência FAPESP.

Sato explica que o diagnóstico da doença é feito com glicoproteínas extraídas do parasita. Como esse tem dois diferentes genótipos, o objetivo da pesquisa era saber se as diferenças nas glicoproteínas poderiam afetar o diagnóstico. Paralelamente, os cientistas compararam os antígenos extraídos do parasita a um antígeno recombinante desenvolvido em laboratório.

“Nossa surpresa foi que o antígeno recombinante e as glicoproteínas extraídas do parasita se comportaram de maneira semelhante nos testes. Isso é importante, pois nem sempre os laboratórios possuem tecnologia para produzir proteínas recombinantes. Concluímos que, seja qual for o genótipo do parasita, pode-se extrair o antígeno e usá-lo para diagnosticar a cisticercose humana, suína e canina”, afirmou.

A cisticercose canina, de acordo com o pesquisador, não é tão importante no Brasil, mas é de extrema relevância em países como a China, onde a carne canina é amplamente utilizada como alimento.


Resultado instantâneo

No estudo feito no Japão, os pesquisadores compararam a qualidade dos antígenos de diversas partes do mundo. “Analisamos antígenos extraídos de parasitas no Brasil, China, Indonésia e Tanzânia, entre outros. Confirmamos que o valor dessas glicoproteínas para o diagnóstico é semelhante”, disse Sato.

Segundo o pesquisador, o trabalho envolveu todo o departamento de parasitologia da Faculdade de Medicina de Asahikawa, reunindo especialistas que trabalham em diversas áreas – o que possibilitou a abrangência do trabalho. “Antes disso, na UFT, realizamos um grande trabalho de campo que detectou, no Piauí, uma área altamente endêmica para a cisticercose”, disse.

Os pesquisadores no Japão pretendem melhorar os testes, desenvolvendo uma técnica mais rápida, a fim de tornar a metodologia atrativa para ser utilizada em exames clínicos com resultados instantâneos. “A cisticercose tem tratamento rápido, mas exige acompanhamento médico-hospitalar. Isso significa que um diagnóstico eficiente e rápido é absolutamente fundamental”, explicou Sato.

A cisticercose é contraída quando o indivíduo ingere ovos da tênia, que podem estar em alimentos ou na água. Ao ingerir a carne de porco com cisticercose, contrai-se a teníase. No primeiro caso, mais grave, o homem faz o papel de hospedeiro intermediário, como os porcos e cães. No segundo caso, ele é o hospedeiro definitivo.

“Quando adulto, o parasita, que é conhecido como ‘solitária’, vive no intestino delgado e pode atingir vários metros de comprimento. Quando o verme está na fase de larva, pode formar cistos nos músculos humanos, que migram para vários órgãos, inclusive para o cérebro, causando convulsões. O Brasil possui áreas altamente endêmicas em todas as regiões, mas principalmente no Nordeste”, disse Sato.

Fonte:
Agência FAPESP

1 comentários:

Anônimo disse...

Meu nome é Flávio
Tenho um irmão com essa doença a alguns anos. O tratamento parece não surtir efeito e os efeitos colaterais são muitos.Gostaria de saber se alguem conhece um tratamento eficaz e definitivo.

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