Mecanismo de transmissão de bactéria da mãe para a prole de insetos auxilia pesquisa de células-tronco e tratamento de doenças tropicais.
De uma pesquisa sobre uma bactéria que sob o microscópio se parece com um grão de arroz emergiram informações que ajudam a entender a propagação de infecções e explicam um pouco melhor o desenvolvimento das células-tronco, a esperança da medicina contemporânea por originarem outros tipos de células. Além disso, algumas conclusões podem ser úteis para combater doenças tropicais como a dengue e a elefantíase.
As perspectivas que agora parecem tão amplas nasceram de uma pergunta puramente científica: Como a bactéria Wolbachia pode ter se tornado um dos microorganismos mais bem-sucedidos do planeta, a ponto de disseminar-se entre milhões de espécies de artrópodes, incluindo insetos, aranhas e crustáceos, além de vermes como a lombriga? A aranha que cai da cortina ou a mosca que entra pela janela provavelmente carregam milhares de bactérias do gênero Wolbachia.
O biólogo brasileiro Horácio Frydman carregava essa dúvida em 2002 quando bateu à porta de um dos laboratórios da Universidade de Princeton, Estados Unidos, coordenado por Eric Wieschaus, um dos ganhadores do Prêmio Nobel de Medicina em 1995 por ter descoberto os genes e os mecanismos que controlam o desenvolvimento embrionário – ele trabalhara com a mosca-das-frutas, Drosophila melanogaster, mas esses princípios se aplicam também a organismos superiores, incluindo os seres humanos.
Frydman contou-lhe que havia feito o mestrado no Instituto de Química da Universidade de São Paulo (USP) com Roberto Santelli e doutorado na Universidade Johns Hopkins com Allan Spradling, respeitado especialista em células-tronco, e que pretendia estudar a Wolbachia em Drosophila.
Wieschaus nunca tinha ouvido falar em Wolbachia, mas gostou da proposta e deu-lhe um ano para mostrar resultados; se não conseguisse, Frydman teria de abandonar seu projeto próprio e começar a trabalhar em uma das linhas de pesquisa em andamento no laboratório.
Fontes:
Agencia Fapesp
Revista Pesquisa FAPESP Edição 125 - Julho 2006
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18 julho, 2006Postado por Admin às 17:15
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