Cientistas do Projeto Genoma do Câncer, do Instituto Wellcome Trust Sanger, no Reino Unido, e de diversos outros centros de pesquisa na Europa, nos Estados Unidos, Austrália e China, acabam de anunciar um trabalho pioneiro no estudo do câncer.
Os pesquisadores conseguiram seqüenciar 518 genes ligados a 210 tipos de câncer que atingem os seres humanos. O maior trabalho do gênero até o momento identificou ainda mais de mil mutações diferentes. Os resultados estão na edição de 8 de março da revista Nature.
O levantamento destaca que o número de genes responsáveis pelo desenvolvimento dos diversos tipos da doença é muito maior do que se imaginava. Além disso, cada uma dessas células transporta muitas outras mutações. Segundo os autores, o estudo coloca em evidência um grande desafio para a pesquisa do câncer: distinguir entre as células transportadoras e as mutações.
O câncer, no momento em que é diagnosticado, soma bilhões de células que carregam anormalidades genéticas que deram início à proliferação maligna e muitas outras lesões genéticas adicionais adquiridas pelo caminho. Algumas dessas mutações secundárias se devem à pressão seletiva durante a formação de tumores (que os pesquisadores chamaram de “condutoras”), enquanto outras podem ser casuais (os “passageiras”).
“Essas últimas podem resultar da exposição a mutações, de instabilidade genômica ou simplesmente do grande número de multiplicações celulares desde uma única célula modificada até o câncer detectável clinicamente”, explicaram Daniel Haber e Jeff Settleman, da Escola Médica Harvard, em comentário sobre o seqüenciamento na mesma edição da Nature.
O grupo internacional de cientistas estudou mais de 500 genes da quinase, uma enzima que regula outras proteínas por meio da adição de resíduos de fosfato. Sabia-se que algumas das proteínas analisadas estariam implicadas em alguns tipos de câncer, como o gene Braf, cuja mutação está presente em mais de 60% dos casos de melanoma.
O novo estudo destaca a divisão das mutações em condutoras e passageiras. O primeiro tipo seria aquele que estimula o crescimento de células cancerígenas, enquanto o outro não contribuiria para o desenvolvimento da doença. Os pesquisadores identificaram 120 condutores possíveis, a maioria até então desconhecida.
“A maior parte das mutações em cânceres é do tipo passageiro. Entretanto, escondido entre eles há um número de condutores muito maior do que antecipávamos. Isso sugere que há um número de genes envolvido com o desenvolvimento de câncer muito superior ao que se poderia imaginar”, disse Andy Futreal, um dos líderes do Projeto Genoma do Câncer no Instituto Sanger.
Fontes:
Patterns of somatic mutation in human cancer genomes. Christopher Greenman et al. Nature 446, 153-158 (8 March 2007).
Agencia FAPESP
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Projeto genoma do cancer
10 março, 2007Postado por Admin às 08:45
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