Um consórcio de instituições iniciou o Projeto Genoma Onça-Pintada,
que visa ao sequenciamento completo do material genético da espécie Panthera onca, incluindo caracterização integrada de diversos tipos de informação molecular.
O consórcio é integrado pela Escola Superior de Agricultura Luiz de
Queiroz (Esalq) da Universidade de São Paulo (USP), a Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e a Fundação Oswaldo
Cruz (Fiocruz) de Minas Gerais, em parceria com o Centro Nacional de
Pesquisa e Conservação de Mamíferos Carnívoros (Cenap) do Instituto
Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Instituto
Pró-Carnívoros e o Zoológico Municipal de Sorocaba.
O projeto era planejado desde setembro de 2011 e foi iniciado agora
com a coleta das primeiras amostras de material biológico de um exemplar
do animal, proveniente do Pantanal, selecionado para sequenciamento.
O animal, que está mantido no Zoológico de Sorocaba, será o alvo
principal do esforço de sequenciamento de DNA em grande escala, seguido
dos processos computacionais de montagem genômica e anotação
(caracterização) dos diferentes componentes do material genético da
espécie, como genes, elementos regulatórios e elementos repetitivos.
De acordo com os pesquisadores participantes do projeto, o animal
atuará como representante da espécie do ponto de vista da caracterização
genômica, provendo dados essenciais para compreender a biologia e
evolução da onça-pintada, bem como suas diferenças em relação a outras
espécies.
Além da sequência genômica completa, o animal também será o foco de
estudos sobre o transcriptoma da onça-pintada – a análise de quais genes
estão sendo expressos (ativados) em diferentes tecidos em um
determinado momento –, que permite validar e qualificar os dados
genômicos, além de viabilizar inferências sobre o funcionamento dos
genes no animal vivo.
As análises realizadas a partir do animal serão complementadas por
investigações genômicas comparativas de outras onças-pintadas,
provenientes de diferentes biomas, que serão relevantes para
caracterizar a variabilidade genômica presente na espécie e para
identificar as bases genéticas de características físicas que podem
influenciar na sua adaptação a diferentes ambientes.
Segundo os pesquisadores, as informações serão importantes para
compreender a história evolutiva da onça-pintada e contribuir para um
delineamento mais preciso e abrangente de estratégias para a sua
conservação na natureza.
Além disso, os dados genômicos gerados a partir do projeto poderão
ter aplicação forense, provendo uma base de marcadores moleculares que
auxiliará na análise de estrutura populacional da espécie e
identificação da procedência geográfica de animais de interesse, por
exemplo, apreendidos.
Para realizar o projeto, os pesquisadores utilizarão a infraestrutura do Laboratório Multiusuários Centralizado de Genômica Funcional Aplicada à Agropecuária e Agroenergia, instalado na Esalq com auxílio da FAPESP por meio do Programa Equipamentos Multiusuários.
“Com os recursos que obtivemos da FAPESP, adquirimos equipamentos
para o centro de genoma funcional, que serão utilizados para sequenciar o
genoma da onça-pintada”, disse Luiz Lehmann Coutinho, professor da
Esalq e um dos pesquisadores participantes do projeto, à Agência FAPESP.
O pesquisador também participou do projeto de sequenciamento da Xylella fastidiosa,
bactéria causadora do "amarelinho" – doença que devasta plantações de
cítricos –, realizado no âmbito do Programa Genoma da FAPESP.
Fonte: Agencia FAPESP
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