Agência FAPESP* – Manter o diabetes sob controle ajuda a evitar a perda
de força muscular em pessoas acima de 50 anos, principalmente entre os
homens, sugere estudo desenvolvido na Universidade Federal de São Carlos
(UFSCar) e divulgado em The Journals of Gerontology Series A Biological
Sciences and Medical Sciences.
A investigação foi conduzida com apoio da
FAPESP durante o mestrado de Clarice Cavalero Nebuloni. O trabalho
integra o International Collaboration of Longitudinal Studies of Aging
(InterCoLAging), consórcio de estudos longitudinais que envolve Brasil,
Estados Unidos e Inglaterra e tem sede na UFSCar, sob a coordenação de
Tiago da Silva Alexandre, do Departamento de Gerontologia
(DGero-UFSCar).
“As altas concentrações de glicose no sangue
danificam partes dos nervos periféricos, afetam a capacidade de condução
do impulso nervoso, causam atrofia do axônio motor, diminuição do
potencial regenerativo e perdas de fibras nervosas, alterando a
capacidade de contração e geração de força muscular”, explicou Alexandre
à Assessoria de Comunicação da UFSCar.
Foram usados na pesquisa
dados de 5.290 ingleses com mais de 50 anos de idade, extraídos de um
estudo longitudinal sobre envelhecimento conhecido como Elsa (English
Longitudinal Study of Ageing). Nessa amostra, os cientistas analisaram a
associação entre diabetes não diagnosticado, diabetes controlado e
diabetes descontrolado com baixa força neuromuscular – condição definida
como dinapenia.
Os níveis de hemoglobina glicada no sangue dos
voluntários foram usados como marcador, pois permitem avaliar se a
doença estava ou não sob controle nos meses anteriores à coleta. “Quanto
maior o valor da hemoglobina glicada, pior o controle glicêmico”,
explicou Alexandre.
As análises indicam que o diabetes
descontrolado aumenta o risco de dinapenia tanto em mulheres (67%)
quanto em homens (137%), que se mostraram mais suscetíveis ao problema.
Neles, a perda de força muscular foi observada a partir de níveis da
hemoglobina glicada de 6,5%, enquanto para as mulheres foi somente a
partir de 8%.
Segundo Alexandre, a diferença pode estar
relacionada com o fato de as mulheres serem mais sensíveis à insulina e
apresentarem maior porcentagem de fibras musculares responsáveis pelo
metabolismo da glicose e dos ácidos graxos.
“Ao usar a glicose de
forma mais eficiente, as mulheres precisam ser expostas a valores mais
elevados de glicemia para terem sua força comprometida”, disse. O estudo
considerou as diferenças entre os sexos, uma vez que os homens
apresentam maior força neuromuscular que as mulheres no ponto inicial.
Na
avaliação de Alexandre, o controle da glicemia é fundamental para
minimizar as complicações decorrentes da perda de força muscular,
“altamente associada à mortalidade, incapacidade física, maior chance de
hospitalização e maiores gastos para o sistema de saúde e para as
famílias”.
Além disso, o docente reforça a importância da
atividade física e da alimentação adequada para o tratamento do
diabetes, diminuindo a resistência à insulina e auxiliando no controle
glicêmico. “O treinamento deve ser prescrito por profissional habilitado
e deve ser individualizado considerando as diferenças entre homens e
mulheres”, afirmou.
O artigo Uncontrolled diabetes as an
associated factor with dynapenia in adults aged 50 years or older: sex
differences pode ser lido em
https://pesquisa.bvsalud.org/portal/resource/pt/mdl-31665234.
Assuntos
- Alzheimer (3)
- Apoptose (1)
- Autismo (1)
- Bioinformatica e Biologia Computacional (5)
- Biologia Molecular (20)
- Cancer (11)
- Células-Tronco (4)
- Ciência (3)
- Coronavirus (1)
- Diabetes (1)
- Envelhecimento (3)
- Estresse (5)
- Eventos (5)
- Gene (6)
- Genética (10)
- Genoma (7)
- Infertilidade (1)
- Oportunidades (32)
Links
Arquivo
Seguidores
Diabetes sem controle afeta força muscular em pessoas acima de 50 anos
07 fevereiro, 2020
Assinar:
Postar comentários (Atom)
0 comentários:
Postar um comentário