Cientistas conseguiram reproduzir os primeiros primatas quiméricos.
Os animais são compostos de uma mistura de células de seis genomas
distintos e, segundo os pesquisadores responsáveis pela novidade, estão
saudáveis.
Em zoologia, quimerismo ocorre quanto um animal tem duas ou mais
populações de células geneticamente distintas com origem em diferentes
zigotos. É extremamente raro em humanos. O termo deriva da mitologia
grega, na qual quimera é uma figura mítica caracterizada por uma
aparência híbrida de dois ou mais animais.
A reprodução foi obtida por cientistas de instituições de pesquisa no
Oregon, Estados Unidos, e descrita nesta quinta-feira (05/01) em um
artigo no site da revista Cell – sairá como capa na edição de 20 de janeiro da publicação.
Segundo os autores, os resultados do estudo abrem caminho para muitas
novas pesquisas com animais. Até então, apenas camundongos e alguns
outros quiméricos, como coelhos e ovelhas, haviam sido reproduzidos.
Os primatas quiméricos nasceram após os cientistas terem reunido
células de embriões de diferentes macacos-rhesus e aplicado a mistura em
fêmeas. As células foram misturadas em embriões em estágio inicial,
quando cada célula embriônica é totipotente.
Totipotência é a capacidade de uma única célula, geralmente uma
célula-tronco, dividir-se e produzir todas as células diferenciadas no
organismo, incluindo os tecidos extraembrionários. As células
pluripotentes podem se diferenciar em qualquer tecido, mas não em
tecidos extraembrionários nem em organismos inteiros.
“As células não se fundem, mas se mantêm juntas e funcionam
conjuntamente de modo a formar tecidos e órgãos. Os resultados abrem
possibilidades científicas enormes”, disse Shoukhrat Mitalipov, do
Centro de Pesquisa em Primatas da Oregon Health & Science
University, que coordenou a pesquisa.
Tentativas anteriores do grupo de Mitalipov de obter macacos
quiméricos por meio da introdução de células-tronco embrionárias
cultivadas em embriões – um método estabelecido em camundongos –
falharam.
Segundo Mitalipov, aparentemente os embriões dos primatas evitam que
as células-tronco embrionárias se integrem, como ocorre em camundongos.
De acordo com o cientista, a pesquisa indica que células-tronco humanas e
de outros primatas mantidas in vitro podem não ser tão potentes como as encontradas em um embrião vivo.
“Precisamos voltar aos fundamentos. Temos que estudar não apenas
células-tronco embrionárias em cultura, mas também em embriões. Ainda é
muito cedo para fechar o capítulo nessas células”, disse.
“Não podemos modelar tudo em camundongos. Se queremos passar terapias
em células-tronco do laboratório para as clínicas e de camundongos para
humanos, precisamos compreender o que essas células nos primatas podem
ou não fazer”, afirmou.
“Precisamos estudá-las em humanos, inclusive em embriões humanos”,
disse Mitalipov, ressaltando que não tem qualquer intenção de produzir
quimeras humanas.
O artigo Totipotent but not pluripotent primate embryonic cells contribute to chimeras (doi:10.1016/j.cell.2011.12.007), de Mitalipov e outros, pode ser lido por assinantes da Cell em www.cell.com.
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